Proteja Seu Coração Dos Perigos Do Inverno

Muita comida neste inverno, mais gordurosa e salgada, como se o corpo estivesse carente disso para se aquecer; para acompanhar, mais vinho, pois a sensação do clima frio parece exigir doses a mais de álcool; há quem troque os saudáveis sucos coloridos por barras de chocolate; menos exercícios, pois é difícil sair numa manhã gelada para ir à academia. Caminhadas ao ar livre, menos ainda – um martírio suportar esse vento no rosto pelas ruas. Pedaladas, nem pensar, é castigo em dobro, por mais que o corpo se aqueça depois de alguns minutos – o frio é cortante.
Dessa forma, com essa mudança de tempo, todos os hábitos saudáveis adquiridos nos dias quentes do verão são abandonados em nome de um conforto maior no inverno. Roupas pesadas, alimentação forte e uma sensação de aquecimento bem quieto ali ao pé da lareira. Vale a pena passar a temporada de inverno assim, hibernando e ganhando peso?
A resposta está nessa informação: as mortes por enfarte do miocárdio aumentam 30% durante o inverno, segundo estudos feitos em todo o mundo há pelo menos 50 anos. Alimentação pesada, volta ao sedentarismo e pouca atenção à prevenção favorecem as doenças do miocárdio, especialmente se a pessoa tem alguma predisposição e não saiba, o que é comum, infelizmente.
Para não entrar de forma trágica nessa estatística, o melhor remédio é procurar um médico, submeter-se aos exames e se precaver. Depois, seguir uma dieta própria para o seu corpo e se preparar para uma vida longa e mais saudável. Ainda que a sensação de frio pareça um calvário maior do que você mereça.
Todas essas doenças do miocárdio – AVC`s, hipertensão, ataque cardíaco, aterosclerose e outras – resultam de um estilo de vida inapropriado. Entre os principais fatores que ocasionam estas doenças estão má alimentação, tabagismo, álcool, sedentarismo, obesidade, além do estresse do dia-a-dia.
Mesmo que a pessoa não fume, não beba e caminhe regularmente, deve ficar atenta, pois viver sem estresse nas grandes cidades brasileiras é quase um milagre. Sem poluição, impossível. Importante saber que qualquer pessoa pode sofrer de pressão alta, essa doença silenciosa. Estima-se que ¼ da população seja hipertensa.
E nada na medicina substitui aquele verbo que todos conjugam, mas poucos o praticam: prevenir. Não contém nenhuma contra-indicação. Mesmo que não haja na família um parente com histórico de doença coronariana, ou mesmo nenhum sintoma, ainda que se sinta forte como um touro ou esportista, não deixe de estar sempre atento ao seu coração.
Também é importante manter a visita ao médico em dia, realizar os exames, monitorar os medicamentos de que faz uso, além de praticar exercícios indicados e manter uma alimentação saudável.
Estudos conduzidos pelos doutores Rodolfo Sharovsky (pesquisador do Hospital Universitário da USP) e Luiz Antonio Machado César (diretor do Departamento de Doenças Coronárias do Instituto do Coração da Faculdade de Medicina da USP e ex-presidente da SOCESP) mostraram que, ao sentir frio, os receptores nervosos da pele estimulam a liberação de adrenalina e noradrenalina, este um hormônio responsável por contrair os vasos sanguíneos.
O consequente estreitamento dos canais de circulação do sangue, embora não tão significativo, pode gerar rupturas de placas de gordura no interior das artérias coronárias, que irrigam o coração. Neste processo, as proteínas e plaquetas do sangue são designadas para reverter o quadro, e isto aumenta as chances de formar coágulos (responsáveis pelo entupimento das artérias) e provocar o enfarte do miocárdio.
Todas as pesquisas indicam que a pressão arterial costuma ser mais alta no inverno, época na qual se consome alimentos mais calóricos, com abuso de chocolates, fondues, sopas, feijoadas, massas, bolos, vinhos e etc., – a lista dos prazeres é imensa. Pode ser uma necessidade para manter o corpo aquecido. O problema é que isto vem junto com a preguiça de praticar exercícios físicos para queimar calorias.
É preciso mudar a história: a pessoa deve manter no inverno a frequência, o volume e a intensidade da atividade física costumeira – de preferência, de três a cinco vezes por semana, com duração de trinta minutos a uma hora. Além de uma alimentação saudável; evitar excesso de gordura e sal é fundamental.
Atenção aos sintomas que se manifestam em quase todas as doenças do coração ou que podem indicar algum tipo de comprometimento cardíaco:
• falta de ar, seja no repouso ou no esforço;
• dor no peito, em virtude de má circulação sanguínea no local;
• cansaço fácil;
• desmaio após atividade física intensa;
• dor de cabeça;
• inchaço nos tornozelos.
Enfim, é importante se aquecer no inverno. Porém, o mais importante é passar por ele com boa saúde, sem correr nenhum risco.

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Especialistas comentam diferenças entre salmão selvagem e de cativeiro

Do UOL, em São Paulo

Salmão preparado em restaurante ou vendido em supermercado é, em sua maioria, criado em viveiros

  • Salmão preparado em restaurante ou vendido em supermercado é, em sua maioria, criado em viveiros

Cada vez mais presente na mesa dos brasileiros, o salmão costuma ser tratado como um aliado quando o assunto é alimentação saudável. Além de ser uma boa fonte de proteína, é um peixe rico em ômega 3, que melhora o humor e previne doenças cardiovasculares, alzheimer e depressão, segundo especialistas. Contudo, as propriedades do salmão selvagem – pescado de maneira natural – são diferentes do salmão cultivado em cativeiro, como o que consumimos no Brasil.

“Natural das costas do Atlântico Norte e Pacífico, o salmão normalmente nasce em água doce, migra para o oceano e retorna à água doce para se reproduzir. Esses animais são intensamente produzidos por aquicultura (cultivo de organismos aquáticos em cativeiro) em muitas partes do mundo, como os lagos da América do Norte, da Escandinávia e os lagos Chilenos”, explica a nutróloga Marcella Garcez, membro da Abran (Associação Brasileira de Nutrologia).

Porém, o salmão preparado em restaurantes ou vendido em supermercados na América e na Europa é, em sua maioria, proveniente de criações em viveiros. Segundo Melanie Whatmore, gerente da marca Salmón de Chile, que exporta salmão para o Brasil, o país é o terceiro maior mercado importador de salmão no mundo, atrás apenas de Japão e Estados Unidos.

Em relação ao ômega 3, um ácido graxo associado a redução de doenças cardiovasculares, estudos trazem resultados diferentes. Alguns dizem que o salmão de cativeiro contém mais ômega 3 que o selvagem, enquanto outros indicam que contém menos. Tudo depende da ração utilizada nos criadouros.

Pigmentação artificial 

Outro detalhe é que o salmão de cativeiro é colorido artificialmente. A cor característica do salmão é reflexo do tipo de alimentação do peixe durante seu crescimento.  “Para o salmão de viveiro ficar com a cor igual ao selvagem, que se alimenta principalmente de outros peixes, pequenos crustáceos e algas, são adicionados à ração carotenoides como a astaxantina e a cantaxantina”, afirma Garcez.

A principal fonte desses carotenoides é a alga de água doce Haemococcus pluvialis. “O consumo excessivo destes pigmentos pode causar intoxicação e alergias”, alerta Garcez.

Em 2004, a revista Science publicou uma pesquisa coordenada pela State University de Nova York, em Albany (EUA), que afirmava que o salmão de cativeiro era um inimigo da saúde porque esses pigmentos eram substâncias cancerígenas. Segundo o relatório produzido por cientistas norte-americanos e canadenses, duas toneladas métricas de carne de salmão em estado selvagem e criado em cativeiro foram analisadas para chegar a essa conclusão.

Contudo, Garcez explica que o relatório traz poluentes e pesticidas que podem ser encontrados no salmão de cativeiro, mas que eles não são resultado da pigmentação artificial ou da ração dada aos peixes. “O problema é que o ambiente artificial em que esses peixes são criados é mais suscetível ao aparecimento de patologias microbiológicas que por anos eram combatidas com substâncias tóxicas, como o Dieldrin e Toxafeno, que contaminaram o ecossistema local de tal forma que o ambiente ainda não se livrou delas”, explica Garcez.

Questionada sobre o estudo, a gerente de marca Salmón de Chile, que enviou ao Brasil mais de 67 mil toneladas de salmão em 2012, responde: “A produção desse pescado no Chile está de acordo com os níveis internacionais de qualidade e possui as certificações ISO 9001, GlobalGAP, BAP e Global Aquaculture Alliance, organizações que certificam a qualidade de produtos agrícolas em todo o mundo”, afirma Whatmore.

A médica nutróloga Marcela Garcez, que visitou a produção de salmão de cativeiro no Chile, explica que a versão produzida em viveiro tem um ciclo de vida muito diferente daqueles que vivem livres na natureza e que a principal desvantagem é o risco de proliferação de doenças, sejam elas parasitárias, bacterianas ou virais, nestes indivíduos que vivem em espaço reduzido e artificial.

  • Marcella Garcez/Arte UOL