Hipertensão é uma das doenças que podem ser controladas com a ajuda da ioga

As cicatrizes poderiam prejudicar os movimentos do corpo. Mas ela se mantém firme e flexível. As limitações impostas por dois acidentes na infância poderiam deixá-la amargurada. Mas não falta a ela bom humor. “Devo isso à ioga”, garante Elza Maria de Almeida, de 66 anos, um dos exemplos de que a prática milenar contribui para um envelhecimento saudável. “Algumas posições substituí com a idade, mas continuo a andar muito a pé, subir em árvore e escalar montanha.” Elza observa que está mais centrada, aprendeu a lidar melhor com as dificuldades e não leva a vida tão a sério. O relato é a prova de que não existe idade certa para alcançar os benefícios físicos e emocionais de uma aula de ioga.

A professora do espaço Ponto de Equilíbrio Patrícia Katahira explica que as posturas são adaptadas para respeitar a condição de cada aluno. Os que não podem sentar no chão usam uma cadeira, e aqueles com problema de coluna, impedidos de realizar uma torção, por exemplo, fazem outros movimentos que possam oferecer os mesmos benefícios. “Tenho um cuidado a mais com os joelhos na hora de trabalhar as pernas e deixo que eles utilizem o apoio de uma cadeira nas posturas em pé para que não se desequilibrem. Fazemos de tudo para não haver imprevistos”, acrescenta. A série de exercícios da aula de ioga trabalha o fortalecimento e alongamento dos músculos, que enrijecem com a idade, e melhora o equilíbrio.

A hipertensão é uma das doenças que podem ser controladas com a ajuda da ioga. O ganho é obtido quando se amplia a respiração, que vai ficando cada vez mais curta ao longo do tempo. “Consigo trabalhar uma respiração mais profunda e lenta em um momento de meditação, com olhos fechados, para baixar pressão. Isso é comprovado cientificamente”, destaca Patrícia. Algumas posturas são indicadas para ativar o funcionamento do pâncreas, o que beneficia idosos com diabetes. Para quem sofre com artrite e artrose, a professora inclui na aula movimentos para melhorar a flexibilidade das articulações e até amenizar as dores. A técnica ainda trabalha a postura, ensinando a forma correta de caminhar, além de aumentar a tranquilidade, diminuir a ansiedade, melhorar a circulação sanguínea, ativar a memória e reduzir tensões musculares com o relaxamento.

RESULTADOS
Segundo Patrícia, a ioga integra corpo, mente e espírito, por isso os benefícios não se restringem ao físico. “O momento da prática serve para o aluno se conhecer melhor. Ele se desliga do mundo externo para observar suas reações, sua respiração, seus pensamentos”, pontua. A professora lembra, no entanto, que o resultado leva tempo, já que o processo de desenvolvimento interno é demorado. Nem sempre na primeira aula o aluno vai perceber os ganhos, mas ele sempre deve observar como se sente depois da prática.

A atividade física cumpre um papel importante na vida do idoso. “Dentro do processo natural de envelhecimento, é esperado que haja uma diminuição da força muscular, as articulações tendem a ficar mais rígidas, a circulação fica mais difícil, então os exercícios entram para minimizar uma série de modificações no corpo”, alerta a gerontóloga Rita de Cássia Guedes, conselheira da Sociedade Brasileira de Geriatria e Gerontologia – seção Minas Gerais (SBGG-MG). Por melhorar força, flexibilidade e equilíbrio, a ioga pode até prevenir quedas, muito comuns nessa fase da vida. Além disso, promove o fortalecimento dos músculos do assoalho pélvico, que, com o tempo, se enfraquecem e contribuem para aumentar o risco de incontinência urinária.

Como não trabalha apenas o corpo, a ioga pode afastar a depressão. Rita lembra que o relaxamento e a meditação ajudam na aceitação das mudanças do corpo e da vida. “Com essas técnicas, é possível aumentar a produção de neurotransmissores, substâncias que trazem sensação de bem-estar. Elas ainda melhoram o sono e diminuem a ansiedade”, informa. As aulas também colaboram para minimizar um outro problema comum na terceira idade, que é o isolamento. “Os idosos passam muito tempo em casa, muitas vezes são viúvos e sofrem com a perda das pessoas queridas. Fazer novas amizades é extremamente enriquecedor.” A gerontóloga reforça que a qualidade de vida tende a melhorar com a prática orientada de atividade física.

Cinco dicas para ter um coração forte

 

O risco do infarto é maior entre as mulheres. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), do total, cerca de 30% dos casos de infarto têm mulheres como vítimas. Para evitar este e outros problemas ligados ao coração cardiologistas do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) dão algumas dicas para manter este órgão tão importante forte e saudável. São elas:

 

Para evitar este e outros problemas ligados ao coração cardiologistas do Instituto Nacional de Cardiologia (INC) dão algumas dicas

 

1. Faça exercícios físicos regularmente e com orientação médica. É recomendada a pratica de exercícios durante 40 minutos, de três a cinco vezes por semana. O ideal é fazer caminhadas intercaladas com pequenas corridas, o que vai auxiliar na melhora do condicionamento físico. Atletas de fim de semana devem consultar antes um cardiologista. Hipertensos, diabéticos e cardiopatas em geral devem praticar exercícios físicos. Porém, é necessário realizar exames clínicos para verificar se a saúde está em dia. E sempre se mantenha hidratado durante a atividade!

2. Cuide bem da sua alimentação. O consumo de gorduras aumenta o colesterol, que é um dos fatores de risco para o infarto. Troque os lanches gordurosos por receitas mais saudáveis, como um sanduíche de queijo minas com peito de peru, por exemplo. Frutas secas, como passas, damasco e castanhas não ocupam muito espaço na bolsa e são muito nutritivas. E não dê ouvidos a dietas milagrosas. Fechar a boca para perder peso não é saudável e ainda deixa o organismo fraco, o que pode causar hipoglicemia (perda de açúcar no sangue).

3. Atenção à sua pressão arterial. Quem já é hipertenso deve reduzir o sal e consumir frutas que tenham potássio, como banana, laranja, melão, caju e frutas secas. É importante verificar sempre a pressão e mantê-la sob controle. Para quem não é hipertenso, o ideal é checar a pressão pela menos uma vez ao ano – inclusive crianças. Quem já tiver se aproximado da pressão 130 por 80, deve aferir a cada seis meses, mesmo que nada sinta.

4. Tome cuidado com o estresse. Elevar a pressão arterial é um perigo para o coração, por isso é importante aprender a controlar o estresse. Uma dica é caminhar diariamente por, pelo menos, 30 minutos. A atividade física com orientação é sempre uma boa aliada.

5. Faça consultas regulares com o médico. Não deixe de buscar auxílio médico sempre que notar qualquer alteração em seu ritmo e faça exames de rotina a cada seis meses. Ir ao cardiologista uma vez ao ano também pode evitar surpresas.

Invista em exercícios que valem por remédio

Problemas respiratórios, depressão e até diabetes podem ser aliviados

Fibromialgia - Getty Images

De hipertensão a osteoporose, diversos males podem ser amenizados e controlados com a escolha do exercício físico certo. De acordo com o fisiologista Raul Santo de Oliveira, da Unifesp, a prática de atividade física – aliada ao tratamento médico – tem tanto poder que pode diminuir a quantidade de medicação. “Dependendo da pessoa, é possível até chegar a situações em que os remédios não são mais necessários”, conta. Confira as opções de exercício mais indicadas para combater oito doenças a seguir:

Diabetes 

Exercício: caminhada, hidroginástica e atividades aeróbicas em geral

O diabetes vem da insuficiência ou falta total de insulina, substância responsável por metabolizar o açúcar e fornecer energia ao corpo. Com isso, em vez de a glicose entrar nas células, fica acumulada no sangue. Segundo o fisiologista Raul Santo de Oliveira, o exercício físico aeróbico precisa de energia e, por isso, facilita essa entrada da glicose nas células, diminuindo os níveis no sangue.

Mas cuidado para não exagerar na intensidade! O clínico geral João Marcello Branco, especialista em medicina do esporte, explica que o nosso corpo tem três tipos de fontes de energia: glicose, aminoácidos (moléculas presentes nos músculos) e gordura. “Quando temos pouco condicionamento físico, o organismo busca primeiro a fonte mais fácil, ou seja, queima mais aminoácidos do que glicose e gordura”, afirma. Isso é grave para quem tem diabetes, pois seu corpo já tem dificuldades em queimar açúcar, e terá ainda mais, já que a fonte primária de energia serão os aminoácidos, não a glicose.

Doenças respiratórias - Getty ImagesDoenças respiratórias 

O exercício: natação

A natação pode ser uma grande amiga de quem sofre com doenças respiratórias, como asma e bronquite. “A umidade relativa do ar é bastante elevada nesses ambientes, o que provoca vasodilatação e facilita o processo respiratório”, diz o fisiologista Raul Santo. Além disso, lembra o clínico geral João Branco, a natação trabalha a parte cardiovascular e a musculatura pulmonar, aumentando a capacidade respiratória.

Cuidado, porém, com a temperatura da piscina, pois isso pode piorar as crises respiratórias. A piscina precisa estar com temperatura agradável – não muito quente ou muito fria, para que não haja choque térmico – e sem cloro e outros produtos químicos.

Hipertensão - Getty ImagesHipertensão 

O exercício: aeróbicos, como caminhada

Qualquer exercício – até uma simples caminhada- que tenha intensidade leve a moderada pode ajudar a combater hipertensão. A atividade física criará novos vasos sanguíneos, em um processo chamado de neo-formação de vasos. “Com a neo-formação, diminui-se a resistência periférica, ou seja, o sangue consegue percorrer todo o corpo com mais facilidade”, conta Raul Santo. “Isso diminui a sobrecarga cardíaca e o coração trabalha com mais eficiência”, completa. É como se abrissem novas avenidas e ruas em uma grande cidade, diminuindo o congestionamento.

Distúrbios de ansiedade - Getty ImagesDistúrbios de ansiedade (depressão) 

O exercício: Ioga

Um dos principais fatores dos distúrbios de ansiedade é o estresse. Ele libera uma série de hormônios, como adrenalina, cortisol, noradrenalina e prolactina. Raul Santo conta que esses hormônios, chamados de catabólicos, causam um desajuste no corpo, capaz de afetar até o ritmo cardíaco.

A atividade física em carga leve a moderada melhora o condicionamento do cérebro, equilibrando a secreção hormonal e a produção de neurotransmissores, que são sinalizadores do cérebro. Para o clínico geral João Branco, atividades como ioga e Tai Chi Chuan são boas opções porque controlam a ansiedade por meio da respiração. Isso reduz o estresse e auxilia no equilíbrio do organismo.

No caso da depressão, o fisiologista Raul conta que as doses da medicação podem diminuir com o tempo até serem extinguidas, tamanho o benefício da atividade física.

Insônia - Getty ImagesInsônia 

O exercício: Tai Chi Chuan

O sono é regulado por uma série de hormônios e neurotransmissores, como a serotonina. Se, durante o dia, os hormônios responsáveis por deixar você em estado de alerta dominam (como a adrenalina), à noite precisa ocorrer o inverso. Antes de dormir, conta Raul Santo, você deve alcançar o estado chamado “sub-ativo”, onde o metabolismo está estabilizado – ou seja, as frequências cardíaca e respiratória estão estáveis, assim como a secreção hormonal. “Como a atividade física equilibra a secreção de hormônios e a produção de neurotransmissores, o seu corpo saberá a hora de ficar em alerta e a hora de descansar”, conta Santo. O Tai Chi é uma atividade relaxante e ideal para ser praticada depois que o sol se põe, já que trará a calma necessária para o sono.

Fibromialgia - Getty ImagesFibromialgia 

O exercício: alongamento e hidroterapia

Os remédios para combater a dor e a ansiedade intensas da fibromialgia podem ficar ainda mais potentes com a prática de exercícios físicos. Mas, como o corpo já está muito dolorido, nada de exagerar no exercício para não piorar o sintoma. “Uma atividade que relaxe, como alongamento e hidroterapia, trará melhoras ao paciente. Isso regulará a serotonina, ajudando a pessoa a ter menos ansiedade”, diz João Marcello Branco.

Osteoporose - Getty ImagesOsteoporose 

O exercício: na fase inicial, a caminhada previne a perda óssea

Já diria o ditado: “é melhor prevenir do que remediar”. No caso da osteoporose, essa frase ganha intensidade. Segundo Raul Santo, mesmo para quem já sofre com a doença é possível fazer exercícios para evitar uma perda ainda maior de massa óssea. No entanto, é preciso sempre praticar com orientação médica, já que a recomendação da atividade física depende do estágio da doença.

Quase todas as atividades físicas causam impacto – desde natação até pegar ônibus em pé -, mas o especialista em medicina do esporte João Branco destaca a caminhada, que não tem grandes riscos de sobrecarga nos ossos. “O impacto do pé no chão estimula o osteoblasto, célula responsável pela criação de tecido ósseo. Conforme a pessoa tem perda hormonal e sedentarismo, ess a célula fica adormecida. O pequeno impacto deve ser contínuo e regular, para fazer com que a célula volte à sua função normal”, explica.

Tabagismo - Getty ImagesTabagismo 

O exercício: treino de resistência

A nicotina do cigarro causa dependência química ao cumprir a função de neurotransmissor. Com o tempo de fumo, o cérebro acaba deixando de produzir alguns neurotransmissores, que são supridos pela nicotina. Ao tirar o cigarro, o cérebro sentirá falta. “A atividade física ajuda a colocar o cérebro e corpo em equilíbrio omeostático, ou seja, faz com que a pessoa volte a produzir neurotransmissores que não produzia antes”, conta João Branco. Para o fisiologista Raul Santo, a atividade física também pode ser um incentivo para deixar de fumar, já que melhora a respiração, traz sensação de bem estar e fornece mais energia para as atividades cotidianas.

Além disso, existe a pressão social. O indivíduo que passa a praticar qualquer atividade física passa a conviver com pessoas que, em geral, não fumam e nem gostam de cigarro. “Com o tempo, isso pode resultar no abandono do tabagismo por insistência dos novos colegas”, sugere Raul Santo.

Embora todas as atividades físicas colaborem com a melhoria, estudo realizado pelo Miriam Hospital’s Centers for Behavioral and Preventive Medicine, nos Estados Unidos, indica o treino de resistência com o melhor. De acordo com os resultados, homens e mulheres fumantes que completaram 12 semanas de treinamento de resistência – como parte de um programa de tratamento contra o tabagismo – têm duas vezes mais chances de parar de fumar, em comparação a aqueles que não levantam pesos regularmente.